Medicina Preventiva e Social
(Programa preliminar, sujeito a alterações)
Início: 2024
1. OBJETIVOS
O programa de Residência Médica em Medicina Preventiva e Social tem como objetivo geral formar profissionais médicos capazes de responder às necessidades do sistema de saúde, a partir da perspectiva de um cuidado integral e equânime, qualificado, preparados para produzir novas respostas aos desafios cotidianos dos serviços da rede de atenção integral à saúde.
Propiciar aos profissionais médicos oportunidade de reflexão e vivências, para o desenvolvimento de objetivos específicos relacionados aos seguintes temas:
Processos de adoecimento e sua relação com os aspectos históricos, culturais, políticos e econômicos da vida em sociedade; 2. Perfis sociodemográficos e epidemiológicos da população brasileira; 3. Epidemiologia e estatística na produção de conhecimento em saúde, nos diversos planos de sua aplicação: descrição de situação de saúde de grupos populacionais, análises de associação e causalidade, ensaios clínicos e avaliação de processo e impacto de ações de saúde, orientação de programas e serviços de saúde; 4. Desenvolvimento histórico e características atuais das políticas sociais e de saúde no Brasil; 5. Organização, gestão e avaliação de serviços e programas de saúde, nos diferentes níveis da assistência à saúde; 6. Escolas e tendências em administração e planejamento; 7. Atenção básica, incluindo ações em saúde da família, saúde indígena, vigilância em saúde, saúde do trabalhador, saúde ambiental e atividades de educação e comunicação, como estratégias de prevenção primária, secundária e terciária de doenças, de redução de vulnerabilidade e riscos e de promoção da saúde de grupos populacionais; 8. Assistência médica em atenção básica à saúde nas áreas de pronto-atendimento, saúde do adolescente, saúde da mulher, saúde indígena, saúde no envelhecimento e saúde mental; 9. Teorias e técnicas de trabalho com grupos de paciente em atividades educativas e terapêuticas em atenção primária à saúde; 10. Sistemas e tecnologias de produção, organização e aplicação da informação em saúde.
Objetivos Intermediários:
R1 - 1. Formar profissionais qualificados para a gestão do cuidado em rede, aqui envolvendo a gestão de diferentes serviços de saúde, da relação entre trabalhadores e a relação entre serviços, na produção de um cuidado compartilhado. 2. Formar profissionais para a gestão sistêmica do cuidado no SUS, considerando os processos de planejamento, avaliação, organização do sistema de saúde, pactuação e regulação, formação de redes de cuidado. 3. Colocar à disposição dos residentes cenários de práticas que apresentem os principais desafios da prática da atenção integral em rede, tendo as necessidades dos usuários em seus cotidianos de vida como balizadores das ações; 4. Formar os profissionais para a realização de diagnóstico e avaliação em saúde, considerando os diferentes territórios.
R2 - 1. Conhecer o perfil de saúde da população brasileira, sendo capaz de refletir criticamente sobre seus determinantes e tendências. 2. Compreender a organização política e institucional do setor saúde no país, estando aptos a participar da organização e gestão de serviços de saúde em seus diversos níveis e modalidades. 3. Planejar, supervisionar e avaliar ações e programas de saúde adequados e relevantes para a realidade dos serviços e perfis de saúde de seu local e nível de atuação. 4. Participar de atividades de vigilância em saúde. 5. Participar de atividades do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS (SASI-SUS). 4. Manejar instrumental científico na definição de objetos, desenhos de estudo e estratégias de investigação de problemas de saúde relevantes para o desenvolvimento de ações, programas e políticas voltadas para a melhoria das condições de saúde coletiva.
2. ESQUEMA GERAL DE ATIVIDADES
Para formação pós-graduada de Medicina Preventiva e Social, a residência médica de da UNIFESP/EPM estrutura-se em três eixos:
Eixo de Práticas: Cuidado integral em atenção básica; Cuidado integral na rede psicossocial; Atenção Domiciliar e Cuidados Paliativos; Cuidado Integral à Saúde da mulher; Redes de Cuidados (oncologia, doenças crônicas, populações vulneráveis, pessoas idosas e pessoas com deficiência; atenção à saúde indígena; vigilância em saúde).
Eixo Teórico-Prático-Conceitual;
Eixo Desenvolvimento Científico: Trabalho de conclusão de curso e/ou Mestrado Profissionalizante.
● EIXO DE PRÁTICAS
Objetiva a formação em serviço. Sob supervisão contínua, os residentes estagiarão nos cenários de práticas, a saber:
Cuidado integral em atenção básica – Unidades Básicas de Saúde
Atenção à saúde da população em situação de rua – consultório de rua
Atenção à urgência e emergência – Serviços de atenção à urgência e emergência
Atenção domiciliar a pacientes acamados e vulneráveis - equipe multiprofissional de atenção domiciliar (EMAD);
Atenção à saúde indígena – equipamentos de saúde do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS (SASI-SUS);
Atenção e gestão hospitalar – equipamentos de saúde hospitalares;
Atenção especializada e regulação de acesso – equipamentos de saúde ambulatoriais e/ou setores de regulação;
Atenção à saúde mental em todos os ciclos da vida – equipamentos de saúde da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS);
Atenção às pessoas com deficiência – equipamentos da rede de cuidados à pessoa com deficiência;
Saúde da mulher e da criança - equipamentos de saúde de cuidado à saúde da mulher;
Vigilância em Saúde;
Gestão de Sistemas de Informação em Saúde;
Atenção à saúde da pessoa idosa.
Além destes cenários de práticas, o residente contará com um módulo optativo que contemplará formação complementar a critério do residente e conforme disponibilidade de estágios. Há possibilidade de áreas de concentração no segundo ano de residência em vigilância em saúde, gestão em saúde coletiva, práticas integrativas e complementares e saúde indígena.
Tempo e cronograma nos cenários de práticas:
Os residentes desenvolvem atividades de estágio no decorrer dos 2 anos. Em cada bloco as atividades são divididas por período a ser programado com a equipe previamente avisada.
Nos equipamentos de saúde os residentes ficarão sob responsabilidade dos preceptores previamente contatados pela UNIFESP, de quem receberão apoio pedagógico e se estabelecerá a relação de trabalho voluntário não remunerado.
Os residentes serão inseridos na equipe do preceptor responsável, podendo, a critério deste e da gerência local, atuar em outras equipes. Têm responsabilidades assistenciais, bem como no apoio de análises de informações, planejamentos e em educação em saúde para população cadastrada.
● EIXO TEÓRICO-PRÁTICO-CONCEITUAL
Serão desenvolvidos temas teóricos sob o formato de disciplinas a serem ministradas ao longo do primeiro ano de residência:
- Território e Necessidades de Saúde - A disciplina abordará o território, como espaço de vida; a avaliação das condições de saúde; os determinantes sociais
- Saúde Coletiva e Práticas de cuidado em Saúde - A disciplina abordará a Construção do campo da saúde coletiva;
- Serviços, Sistemas e Redes de Atenção à Saúde I e II
- Gestão em Saúde
- Trabalho de Conclusão de curso.
- A Equipe Multiprofissional e a gestão do cuidado
- Discussão Teórica Supervisão com discussões sobre as atividades desenvolvidas pelos residentes
● EIXO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO
Para conclusão do programa, o residente deverá elaborar um trabalho de conclusão de curso. O tema e metodologia do TCC é de escolha do residente.
METODOLOGIA DE ENSINO:
O Programa de Residência em Medicina Preventiva e Social objetiva a formação de profissionais com visão crítica e abrangente do sistema de saúde, aptos para desenvolver atividades de organização, planejamento, controle e avaliação de unidades e serviços da rede de atenção à saúde. Além disso, visa ainda desenvolver no residente a capacidade de refletir criticamente acerca da organização do trabalho em saúde, em um contexto de equipes multiprofissionais, investindo no aprendizado e na prática de competências e habilidades específicas, desenvolvendo também aspectos relativos à gestão, planejamento e avaliação das práticas de saúde.
O programa tem duração de dois anos, sendo os primeiros 16 meses compostos por uma grade de atividades comum a todos os residentes, compreendendo estágios e disciplinas nas três grandes áreas da Saúde Coletiva: ciências sociais, gestão e epidemiologia.
Os residentes do primeiro ano realizam atividades nos espaços, conforme quadro das atividades práticas:
Os 8 meses finais do segundo ano do programa são formatados em torno de áreas de concentração a serem escolhidas de acordo com o interesse profissional do residente.
As atividades teóricas serão ministradas pelo corpo docente do programa, vinculado ao DMP/EPM/UNIFESP, com participação dos preceptores dos cenários de prática. As aulas serão realizadas de forma participativa, fomentando a leitura e elaboração de textos. Estimula-se ainda a participação em congressos e publicações científicas.
Ressalta-se que o programa é realizado paralelamente a dois outros programas de residência também vinculados ao DMP / EPM/UNIFESP: o Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade e o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e Gestão do Cuidado em Rede (já avaliado pelo MEC e aguardando credenciamento para início), visando dessa forma garantir um ambiente multiprofissional durante as diferentes etapas do programa. Há ainda possibilidade de interface com outros programas de residência Médica e Multiprofissional, vinculados à UNIFESP e ao Hospital São Paulo. É o caso da disciplina A equipe multiprofissional e a gestão do cuidado em rede, ofertada pelo DMP para o eixo comum da residência multiprofissional e que será estendida aos R1 do Programa de Residência em Medicina Preventiva e Social.
Também estão previstas articulações entre o Programa de Residência e o ensino de graduação para o Curso Médico, particularmente na Unidade Curricular O Cuidado Integral na Atenção Básica oferecida ao internato, em que haverá compartilhamento de cenários de prática e de seminários sobre projetos terapêuticos singulares, aos moldes do que já acontece com a Residência de Medicina de Família e Comunidade.
Os residentes também serão estimulados a participar de ações, projetos e programas de extensão universitária vinculados ao DMP/EPM/UNIFESP, como por exemplo e respectivamente, Núcleo Hospitalar de Epidemiologia; o Centro do Envelhecimento e o Projeto Xingu.
4. AVALIAÇÃO
A avaliação dos residentes será processual, e se dará por meio da análise de seu percurso formativo, envolvendo as seguintes dimensões: envolvimento com o trabalho e disponibilidade para o trabalho em equipe; qualidade da reflexão crítica sobre a própria prática; capacidade de análise das dinâmicas institucionais e de produção de sentido no trabalho institucional; disponibilidade de entrar em contato com os usuários, desenvolvendo uma escuta e um olhar apurados para as necessidades e potencialidades dos mesmos; capacidade de articulação intersetorial, de trabalho territorial e em rede; capacidade de articulação entre a teoria e a prática; criatividade e exercício da responsabilidade; envolvimento na construção do SUS e das redes de cuidado.
A metodologia de avaliação harmoniza-se com princípios da metodologia de ensino desenvolvida no programa, com características de trabalho interprofissional sob a responsabilidade de docentes e preceptores, além dos profissionais de saúde das unidades onde ocorrerão as atividades práticas. Essas atividades deverão se fundamentar em métodos de aprendizagem pró-ativos, centrados no residente e no desenvolvimento e/ou aprimoramento da capacidade de auto-aprendizado. Serão respeitadas as experiências prévias dos residentes, aumentando os níveis de complexidade do aprendizado gradativamente. Nesse contexto de metodologia de ensino, a avaliação está proposta num desenho dialogado e integrado de todos os atores envolvidos no processo de capacitação. Para tanto, haverá o monitoramento e processos de avaliação pactuados que garantam uma avaliação formativa, dialógica e que envolva a participação da instituição formadora, supervisor e coordenador do programa, preceptores, tutores, docentes, residentes e gestores locais.
Assim, a consideração do desempenho dos residentes avalia as competências compartilhadas: trabalho em equipe, planejamento de ações, articulação, comunicação, vínculo, acolhimento, ética, resolutividade, comprometimento e flexibilidade; e as competências essenciais, relacionadas aos conhecimentos e práticas da medicina preventiva e social e da saúde coletiva.
Semestralmente será utilizado um instrumento de avaliação da COREME, baseado em conhecimentos, habilidades e atitudes.